sábado, 26 de outubro de 2013

Companhia

Ninguém me intende,
Quem me intende é idiota ou têm mais o que fazer.
Preciso de alguém que intenda da minha bagunça,
A tralha dos outros é porcaria:
Tem prova, documento, nota fiscal e confirmação geral,
A minha foi mal despachada, entregue e não achada.
Atiro para todos os lados ou guardo minhas balas?
Preciso de alguém que converse comigo:
Que diga o que pensa,
Que pense e comente,
Que diga o que acha.
Não me passe seus documentos,
Quero ver sua verdadeira identidade.
Pode ser batedor de carteira, fora da lei, procurado internacional,
Se o que mais se precisa é juízo,
Vamos nos ferrar por aí,
Se dar mal.
Esqueça essa história de me entender,
Deixe a corrente, deixe a brisa do mar te levar,
Só puxe conversa e a conversa há de te puxar,
Só fale,
E as palavras hão de te carregar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Finito Infinito

Sempre gostei do que é finito,
E tive muitos problemas com isso:
Com a família, velhos amigos eternos, gato, cachorro, periquito, papagaio e de cá para então.
Devo aproveitar o que há de novo para construir o meu castelo,
Eu vou pregá-lo com pregos, parafusos e martelos,
O que vem de fora não me atingirá.
Mas o que vem de dentro, um sopro, um mero vento me desmoronará,
E dormirei ao relento,
Mas tudo hei de se reorganizar,
Mesmo sabendo que tudo se apagará com o tempo.
Passado, pretérito imperfeito, tão imperfeito que insiste em me chamar,
Mas essa voz não vem de dentro, não é sonho, é pesadelo!
Por favor! Fique aonde está!
Não me lembre aqueles momentos de sangue a se derramar, lágrimas a se desperdiçar.
Mas agora que tudo está tão perfeito, tu não há de voltar, por favor!
Sua voz antiga não desiste até me infernizar.
A vida é uma linha fina, meio milímetro para o lado e você cairá,
Não posso errar,
Devo me preparar, o futuro me julgará.
Não tente me salvar,
Você não se afogará comigo,
Sabe, nesse tempo sozinha aprendi bastante sobre individualismo,
E para uma sobreviver agora, um corpo há de boiar...
Passado, história que persiste em retornar, não volte a me apedrejar.
Porque a grama do vizinho é sempre a mais verde?
Na minha vida toda, uma única vez me fez sorridente, esse sorriso há de continuar!
Passado, na época em que era futuro, estar certo era errado, mas você teve que aparecer para me envergonhar.
Por favor, nunca pergunte sobre minha história, quem sabe assim, ela poderá descansar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Turma Que Era Minha

Minha turma é uma colcha perfeita.
Cada integrante tem uma forma, uma cor e um jeito diferente que diferencia a gente, 
Somos todos parte da mesma estampa.
Há um grupo mais perfeito do que aquele que posso chamar de meu?
Um ri, todos riem.
Um chora, todos choram.
Um ganha asas, todos aprendem a voar.
Por mais individual que sejamos, fazemos parte da mesma malha, da mesma quadrilha pesada, da mesma gangue, do mesmo time.
Todos nós faremos parte do futuro, mas não esqueceremos do passado:
Das brigas, inimizades e boatos que farão nossas lembranças eternas.
E por mais velhas que nossas amizades sejam, ainda terão idade.
Quando formos adultos, muito mais tarde, nossas crianças rirão de nós como rimos de nossos pais, e nós seremos nosso grande segredo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Reflexões Noturnas

Quando o Sol se esconde,
A Lua brilha ainda mais forte.
Quero interromper meu sono,
Quero interromper a morte.
Lá de fora da janela,
Muita gente ainda não dorme,
Mas que gente sem vida,
Mas que gente sem nome.
De madrugada eu percebo como o mundo é grande:
Todos que encontro na rua, nunca tinha visto antes.
Na noite seguinte, gasto horas a imaginar onde todas aquelas pessoas, agora deviam estar.
Será que tinham família?
Será que tinham amigos?
E todos esses conhecidos,
Será que um dia iriam se encontrar?
Nós, seres humanos, somos os mais evoluídos,
E mesmo assim, à perfeição jamais iremos chegar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Maria

Não posso acreditar no que disse, Maria.
Não acredite em Maria.
Maria nunca dirá a verdade.
 
Maria menina,
Caminho certo ou caminho errado?
Maria seguiu ao contrário.
Maria menina mulher, achou o caminho de casa entre as duas estradas, numa trilha secreta, entre o crime e a lei.
 
Menina tão limpa, tão pura,
Se aprofunda na matéria em que estuda, tão certa e tão santa.
Maria, como pode ter guardado tanta crueldade?
 
Maria,
Perdi sua coroa e sua corte,
Perdi sua fome e sua dor,
Perdi sua seriedade inexpressiva,
Perdi até seu sorriso, minha flor!
 
Agora te vejo tão fria.
Não fria como gelo,
Mas um frio sem temperatura alguma...
Agora te vejo a cinco palmos do chão, coberta por uma camada de terra...
Seu nome escrito em um pedaço de pedra me faz engasgar com minhas lágrimas, diante de um triste funeral...
 
Maria... Te digo entre soluços...
Depois de te perder, percebi que perdi seu amor.