quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Último Dia de Dezembro

Não gosto muito de ano novo,
É uma data marcada, certa no calendário.
Nessa meia-noite, 
bilhões de olhinhos olham atentamente o escuro e esperam alguma luz surgir.
Mas essa luz é muito pouca para iluminar os milhões de corações que batem ali.
Até mesmo quem pede a verdade, têm muito a mentir.
No ano novo somos inconsequentes,
É uma falsidade permanente, uma felicidade irreal, aprovada mesmo assim.
O ano novo representa um recomeço, mas as dívidas do passado serão pagas nesse ano que vai surgir.
Mas nessa data ninguém vai ligar para os terrores do mundo que continua a existir.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Desacomodamento

Eu não quero voltar para casa.
Aquele inferno, aquele monte de lata.
Eu não quero voltar para casa.
É como uma carne sem tempero e com gosto de nada.

Eu espero parada um tempo que passou em vão.
Devia me movimentar,
Mas meus ossos se acostumaram com essa posição.
Estou presa às regras da nação.
Devia acordar,
Mas minha cama exerce uma estranha atração.
Devia seguir em frente,
Mas o sinal ainda não virou verde,
E nunca vai virar!

Hoje, eu me olhei no espelho e abri a torneira: Shuaaaá!
Hoje, eu saí de casa para passear.
Ao atravessar a rua, esperei o carro parar.
Contei quantas casas eram verdes e quantas estavam para alugar.
Mas tudo estava onde devia estar,
Tudo estava em seu lugar!
Hoje, cheguei em casa cansada, abri a janela e deitei no sofá.

Mas eu não quero voltar para casa.
Aquele inferno, aquele monte de lata.
Mas eu não quero voltar para casa.
Um bando de lixo, aquele bando de nada.
Mas eu espero parada, afinal, estou presa às regras da nação! 
Estou presa às regras da nação em vão!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Beleza Padronizada

Todo homem deve ser bom.
Todo homem deve ser elegante.
Todo homem deve ser bonito.
Todo homem deve ser bom falante.
Todo homem deve ser certo.
Todo homem deve ter modos.
Todo homem deve ser destro.
Todo homem deve se vestir direito.
Todo homem deve ter respeito.
Todo homem deve jamais ter medo.
Todo homem deve ser do mesmo jeito.
Mas a beleza não segue padrões.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mudança

Minha casa estava tão arrumada,
Pintei o teto de ouro e a porta de prata, para nada!
Tudo há de voltar como era antes,
As mudanças hão de se anular.
A chuva molhou o cimento,
O trovão quebrou os tijolos,
E agora?
Onde estão meus sentimentos?
Onde estão os meus miolos?
O vento os levou para outro lugar.
Agora minha caminhada começa e não sei onde termina,
Mesmo sabendo que a paisagem fascina, vou ter que encontrar outras memórias para guardar.
Aqueles  momentos, tão solenes, debaixo da chuva, olhando o luar,
Não pertencem mais a mim, devo procurar outro alguém para amar.
Compra-se ou aluga-se uma casa deserta, no meio do nada,
Moradores antigos não vão se acostumar.
Procuro uma casa que valha meu castelo,
Sim, eu ia ser rei, eu devia reinar!
Mas esse trono, esse cetro e essa coroa nunca estavam onde deviam estar.
Vou sentir saudades do cimento e dos tijolos que compunham meu lar,
Mas devo encontrar meu lugar, meus sonhos e pensamentos,
Que, há tanto tempo, insistem em se disfarçar.
Estou indo em uma jornada forçada,
Sem direito a escolha,
Sem direito a nada.
Caminho ao desconhecido,
Meu futuro, destino,
Eu caminho,
Só sei que um dia vou chegar lá.

sábado, 26 de outubro de 2013

Companhia

Ninguém me intende,
Quem me intende é idiota ou têm mais o que fazer.
Preciso de alguém que intenda da minha bagunça,
A tralha dos outros é porcaria:
Tem prova, documento, nota fiscal e confirmação geral,
A minha foi mal despachada, entregue e não achada.
Atiro para todos os lados ou guardo minhas balas?
Preciso de alguém que converse comigo:
Que diga o que pensa,
Que pense e comente,
Que diga o que acha.
Não me passe seus documentos,
Quero ver sua verdadeira identidade.
Pode ser batedor de carteira, fora da lei, procurado internacional,
Se o que mais se precisa é juízo,
Vamos nos ferrar por aí,
Se dar mal.
Esqueça essa história de me entender,
Deixe a corrente, deixe a brisa do mar te levar,
Só puxe conversa e a conversa há de te puxar,
Só fale,
E as palavras hão de te carregar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Finito Infinito

Sempre gostei do que é finito,
E tive muitos problemas com isso:
Com a família, velhos amigos eternos, gato, cachorro, periquito, papagaio e de cá para então.
Devo aproveitar o que há de novo para construir o meu castelo,
Eu vou pregá-lo com pregos, parafusos e martelos,
O que vem de fora não me atingirá.
Mas o que vem de dentro, um sopro, um mero vento me desmoronará,
E dormirei ao relento,
Mas tudo hei de se reorganizar,
Mesmo sabendo que tudo se apagará com o tempo.
Passado, pretérito imperfeito, tão imperfeito que insiste em me chamar,
Mas essa voz não vem de dentro, não é sonho, é pesadelo!
Por favor! Fique aonde está!
Não me lembre aqueles momentos de sangue a se derramar, lágrimas a se desperdiçar.
Mas agora que tudo está tão perfeito, tu não há de voltar, por favor!
Sua voz antiga não desiste até me infernizar.
A vida é uma linha fina, meio milímetro para o lado e você cairá,
Não posso errar,
Devo me preparar, o futuro me julgará.
Não tente me salvar,
Você não se afogará comigo,
Sabe, nesse tempo sozinha aprendi bastante sobre individualismo,
E para uma sobreviver agora, um corpo há de boiar...
Passado, história que persiste em retornar, não volte a me apedrejar.
Porque a grama do vizinho é sempre a mais verde?
Na minha vida toda, uma única vez me fez sorridente, esse sorriso há de continuar!
Passado, na época em que era futuro, estar certo era errado, mas você teve que aparecer para me envergonhar.
Por favor, nunca pergunte sobre minha história, quem sabe assim, ela poderá descansar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Turma Que Era Minha

Minha turma é uma colcha perfeita.
Cada integrante tem uma forma, uma cor e um jeito diferente que diferencia a gente, 
Somos todos parte da mesma estampa.
Há um grupo mais perfeito do que aquele que posso chamar de meu?
Um ri, todos riem.
Um chora, todos choram.
Um ganha asas, todos aprendem a voar.
Por mais individual que sejamos, fazemos parte da mesma malha, da mesma quadrilha pesada, da mesma gangue, do mesmo time.
Todos nós faremos parte do futuro, mas não esqueceremos do passado:
Das brigas, inimizades e boatos que farão nossas lembranças eternas.
E por mais velhas que nossas amizades sejam, ainda terão idade.
Quando formos adultos, muito mais tarde, nossas crianças rirão de nós como rimos de nossos pais, e nós seremos nosso grande segredo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Reflexões Noturnas

Quando o Sol se esconde,
A Lua brilha ainda mais forte.
Quero interromper meu sono,
Quero interromper a morte.
Lá de fora da janela,
Muita gente ainda não dorme,
Mas que gente sem vida,
Mas que gente sem nome.
De madrugada eu percebo como o mundo é grande:
Todos que encontro na rua, nunca tinha visto antes.
Na noite seguinte, gasto horas a imaginar onde todas aquelas pessoas, agora deviam estar.
Será que tinham família?
Será que tinham amigos?
E todos esses conhecidos,
Será que um dia iriam se encontrar?
Nós, seres humanos, somos os mais evoluídos,
E mesmo assim, à perfeição jamais iremos chegar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Maria

Não posso acreditar no que disse, Maria.
Não acredite em Maria.
Maria nunca dirá a verdade.
 
Maria menina,
Caminho certo ou caminho errado?
Maria seguiu ao contrário.
Maria menina mulher, achou o caminho de casa entre as duas estradas, numa trilha secreta, entre o crime e a lei.
 
Menina tão limpa, tão pura,
Se aprofunda na matéria em que estuda, tão certa e tão santa.
Maria, como pode ter guardado tanta crueldade?
 
Maria,
Perdi sua coroa e sua corte,
Perdi sua fome e sua dor,
Perdi sua seriedade inexpressiva,
Perdi até seu sorriso, minha flor!
 
Agora te vejo tão fria.
Não fria como gelo,
Mas um frio sem temperatura alguma...
Agora te vejo a cinco palmos do chão, coberta por uma camada de terra...
Seu nome escrito em um pedaço de pedra me faz engasgar com minhas lágrimas, diante de um triste funeral...
 
Maria... Te digo entre soluços...
Depois de te perder, percebi que perdi seu amor.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Agradecimento aos Colegas

Obrigada,
Por tudo que você fez por mim:
Pode ter sido bom,
Pode ter sido ruim.
Lhe agradeço por tudo que me fez sentir:
Cheiro de grama molhada,
Ódio pelos que não gostam de mim.
Agradeço pelos caminhos que me fez seguir:
Um caminho doce e colorido,
Ou um triste caminho de amarguras sem fim.
Obrigada, por tudo que você me influenciou,
Obrigada, mas muito obrigada, por me ajudar a construir que eu sou.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

As 5 Utilidades do Amor

Não exijo nada de você,
Não espero que seja um príncipe encantado, um gato, nem um amante torturado, sequer um modelo tatuado,
Só espero que você escute o que vou te dizer.
O meu sentimento por ti, talvez não possa ser chamado de amor platônico, pois nem amor é,
É sede de vingança das minhas inimigas de infância que eu ainda não tive a chance fazer sofrer.
Não é o meu reflexo,
Não me vejo em você,
Eu não quero morrer sozinha,
Mas minha outra metade não é você.
É apenas uma distração,
Ou uma forma de me controlar para não sair de minha cápsula,
Minha caixa fechada, sem nada para ver,
Uma forma de lembrar o meu velho lema:
-Quanto por uma carta no jogo, guarde três para você.
Claro que eu te amo,
Claro que eu te quero,
O seu problema é que a vida é um jogo,
Jogo com jogadores malandros que você não merece conhecer.

domingo, 22 de setembro de 2013

Vícios

Desista das drogas e das bebidas,
Das suas antigas manias,
Dos assaltos e das mentiras.
Não pode viver para morrer,
Não pode ser para acabar,
Tem que viver para viver,
Tem que ser para ser,
Tem que ser para viver.
Até porque,
Se o mundo acabar, meu amor por ti vai continuar.
Eu não me importo com seus defeitos,
Com seus erros, com seus enganos,
Com os seus problemas de vista, com o mau uso de sua malícia.
Você nasceu para mim, mas eu não nasci para você.
Não me importo se você não merecer.
No dia que você se esquecer de mim, eu vou te lembrar o quanto me fez sofrer,
Que fique triste, sinta remorsos e culpa,
E que veja que não adianta mais frequentar a igreja, nem pedir desculpas,
Só precisa desistir das drogas e das bebidas,
Dos assaltos e das mentiras,
E de tudo que, até agora, não lhe deixou viver.

sábado, 21 de setembro de 2013

Desconstruindo o Dia

Eu sou Lua,
Você é Sol.
Você é felicidade, animação!
Eu sou melancolia e escuridão.
Ái! Eu daria tudo para te ver pintar o céu de laranja, como um anjo!
Mas eu morro todo dia, me afogo em meus prantos.
Tu és raio repentino que corta a noite!
Eu sou sombra endurecida, estátua eterna da morte e sua foice.
Ái! Um dia nós vamos nos encontrar!
Mas um jamais poderemos nos tornar.
Eu me apego a ciência, a razão:
Eu sou um mero refletor do dia.
Você tem sentimento, emoção:
Luz, que transforma em normal as anomalias.
Por isso, ao pensar em ti eu me sinto bem!
Sou a aberração, seu oposto, aquele que mata a alegria.
E você não escuta o que digo,
Sou apenas uma triste e defeituosa melodia.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Meu Nada

É um vazio, 
É um buraco, 
Que me enche, 
Me esvaziando de cima a baixo. Minha pele vira vento, 
Meus músculos viram ar, 
O tempo é sopro, 
A brisa é mar. 
Não é mais tudo ou nada, 
Agora é tudo e nada, 
É alegria e tristeza, 
É congelamento e inquietação. 
Quando o frio se mede em minutos, 
Não há o que esperar, 
Deve-se correr. 
E o resto o vácuo há de preencher.

sábado, 14 de setembro de 2013

Ilha dos Caminhos

Um vento me trouxe aqui,
Eu não estou nesse lugar porque quis,
Mas porque tinha que estar,
Não me culpe pelos problemas que eu causar,
A culpa foi de um vento assim,
Leve como a brisa do mar,
Cheiroso como o cheiro do amar,
Mas eu estou bem.
Só me dê um mapa dessa ilha inabitada e me mostre aonde ficar, aponte a direção dos ventos e onde esses caminhos vão dar, de resto eu sobrevivo sozinha e nossas vidas vão dar um jeito de se encontrar.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Meu Ano Novo

Que no meu Ano Novo,
Uma semente caia, sem querer, na terra molhada após uma chuva de verão.
E que a cada estação cresça um pouco mais de carinho e um pouco mais de atenção.
Que no meu Ano Novo o destino se engane, e coloque no lugar de violência, um pouquinho mais de compaixão,
Que no lugar de espinhos, cresça algodão.
Que minhas flores sejam leves o suficiente para um homem leva-las à sua amada, mas muito pesadas para serem postas sobre um caixão.
Espero que faça bom tempo, que seque a tristeza e chova paixão.
Tomara que eu não perca meu único tostão.
Na verdade, é ele que me sustenta, não minhas lágrimas, não meu perdão. 

domingo, 8 de setembro de 2013

Mãe, O Tempo Passa!

Mamãe, o tempo voa.
Você tem que aprender que eu não sou mais aquela menininha de cinco anos.
Mamãe, o tempo passou.
E você não me ensinou a sobreviver:
Não sei andar sozinha,
Sem você, as horas não sei ver.
Mamãe, eu cresço.
Me ensine o que é liberdade.
Você tem que ver que eu preciso de privacidade.
Eu acho que já mereço viver de verdade e não me esconder embaixo de suas asas.
Mamãe, o mundo lá fora já me esperou uma eternidade.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Amizade Verdadeira

Amizade é algo além da verdade, além da razão.
É como se alguém te vetasse dos sofrimentos da realidade, e apenas lhe permitisse o carinho e atenção.
Quando estamos com ele, (não há a necessidade de dizer quem) um outro mundo surge em estantes,
A população mundial se diminui apenas a amigos, 
Independente da idade já nos sentimos grandes.
As palavras inexistentes simplesmente brotam no nosso dicionário como plantas:
Daqui a pouco criam galhos e se espalham mundo afora.
Rimos do mundo como se todos fossem ingênuos.
Trocamos segredos, somos os gênios!
Fingimos que sabemos para onde vamos, o que iremos fazer,
Trocamos ideias, criamos, e seja o que deve ser.
Entre uma conversa e outra quando não temos nada a dizer,
Eu não grito, eu berro por dentro:
É muito bom poder contar com você!

A Casa Redonda

Eu moro em uma casa redonda.
Ela tem um jardim vermelho de tanto sangue, de tanta guerra.
Minha casa não tem janelas,
Vivo presa, já que ela também não tem portas.
Certa vez que minha casa pegar fogo,
Não poderei fugir e morrerei junto com ela.
Depois da minha casa,
Lá no jardim vermelho,
Cresce uma macieira rosa.
Nela vive lembranças da infância e tudo que há de bom.
Quem passa na frente da minha casa,
Só vê uma arvore alegre e acha que minha vida é assim...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Presente

O Presente sempre foi um amigo indecifrável:
Ontem se chamava Futuro,
Amanhã vai se chamar Passado.
E corre rápido, maldito!
Talvez a muito tempo, eu tenha acreditado que ele era infinito.
Mas ele não só corre, ele voa!
Como se fugisse de algo terreno que o persegue.
São os humanos!
Os humanos mudam o presente, tempo, história e momento.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Crise da Poesia- O Inicio da Prosa

Onde foi parar a felicidade dos meus versos? 
Onde está aquele contentamento juvenil? 
Cadê aquela ingenuidade de criança? 
E a beleza do mundo? Partiu? 

Agora os meus versos tem cheiro de carniça, 
A superfície do meu mundo é lisa, quando não, tem buracos. 
Alegria é finita, e os justos são errados. 

Para ser sincera, não gosto tanto de versos... 
Prefiro escrever poesia em parágrafos!

A Sombra dos Sentimentos

Um olhar de medo,
Um olhar de assombro,
O garoto costuma deixar para quem olha fundo em seus olhos.
Mas é extremamente carinhoso,
Como pode?
Quando ri, se comove,
Mas quando fala, representa um personagem que não é ele.

Quando desatento, parece experiente nesse negocio de sentir dor, mas não se acostuma,
Quando chora, se tortura e deixa escorrer lágrimas pelo coração. 

O menino de dia é humano, de noite é sombra, 
Não dorme, passa a noite chamando o nome de desconhecidos, e alertando-os sobre a morte.

Teme tudo, todo momento,
Teme a água, teme o vento,
Seu coquetel de sentimentos corta mais do que a faca mais afiada, 
Arde mais do que a ferida mais sangrada,
E apesar de tudo, vive mais que a vida mais vivida.

sábado, 24 de agosto de 2013

O Garoto da Capa Negra

Não sei o que se esconde atras de sua capa negra,
que não me deixa ver seu corpo,
mas seus olhos são estrelas,
atravessam a capa e invadem o meu coração. 
Com meus sentimentos e suas palavras escrevo um poema
sobre nossos problemas e minha confusão.
Sinto medo, temor, me apavoro,
você me maltrata e me cuida, me ignora e me escuta,
não há quem possa compreender minha situação. 
Tem pessoas que tentam explicar com teorias comuns:
não é meu caso.
Tem gente que diz que é normal:
não é verdade.
É deprimente, uma força do além me empurra para o suicídio,
mas eu tenho a ilusão de que algum dos meus amigos sofrerá se eu for embora.
Não devia ser tão ingênua.
No dia em que minhas forças se esgotarem, e ansiar por vida,
Aconselho a todos, não me ajude, para vocês não fará diferença, não se distraia com a miséria do mundo,
Apenas, deixe-me morrer,
Até então, não estarei em paz.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Almas Envergonhadas


Todos os dias, todas as horas,
Que eu te procuro,
Você não se importa,
Pelo contrário, não vê, não olha,
Sou apenas uma alma desamparada que vaga solitária pelo tempo e espaço,
Mas, observo crianças correndo, brincando de pique-pega, vejo-as contando seus segredos, descubro mistérios.
Também vejo outras almas penadas como eu, tristes ou contentes, companheiras ou solitárias, mas por dentro sempre serão erradas, de um jeito ou de outro serão, descobrirão o que ninguém descobre, vagarão sozinhas no meio da multidão.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quem sou eu?

Estou com um problema de identidade.
Me encontro nas mentiras e me perco nas verdades.
Me oculto em um exorbitante mar de dúvida.
Nos fortuitos, nas jogadas de sorte, na ventura, no êxito,
Me inspeciono de cima a baixo,
Mas pouco me encontro.
Já nos fatos ordinários,
Na morte, na tragédia e no infortúnio,
Indubitavelmente, 
Me choco constantemente, 
Não saio do lugar.
Na dor, que me é calzada, as provas se encobrem e se escondem em um impreciso jogo de desconfiança.
Outrora, li uma história sobre dois amigos bem distintos:
A vingança e o destino.

sábado, 17 de agosto de 2013

Extremo Viver

Parece que tudo, parece que o mundo, sempre nos culpará,
Mas que a verdade seja dita,
E que essa culpa maldita tarde a me encontrar.
Mas entrelinhas comento:
Se viver for um crime, espero muito pecar,
Pecar por exagero, pecar por viver, pecar por respirar.
E ainda viverei para ajudar os malvados,
No dia em que ambos extremos forem errados,
Direi a um mundo atento:
Viverei a margem da lei.
Nem fora, nem dentro.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Medo de Noite

Quando meu coração pesa, 
E minhas pupilas dilatam; 
Me encontro sozinha no escuro, 
No suspense da noite, 
Longe de uma madrugada; 
Nessas horas insensíveis com a nossa alma, 
Nos preenche com a duvida do desconhecido e uma certeza mortal, 
Nos cobre de desamor e incerteza sobre o nosso próprio corpo. 
Coragem é ilegal. 
Feliz é quem entra no quarto com uma fraca luz de lanterna e pergunta: 
- Você viu? Como está linda a lua!?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Como Contar As Horas

Se um segundo fosse uma vida,
Se uma vida fosse uma hora,
Se a vida passasse em um minuto,
Você aproveitaria o agora?
Mas dependemos do nosso passado para escrever o futuro.
É assim que se contam as horas. 

sábado, 3 de agosto de 2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Infância Reprimida

Lembro me de quando era criança,
Da minha infância,
Lembro me de jogar bola na lama,
De andar com o pé no chão.
Lembro me de deitar na areia com o corpo e beija-la com o coração,
E minha mente muito suja, porque não?
Repreensão, sem fronteira e para todos os lados.
Tão sutil quanto um elefante, leve como chumbo, pesando nas minhas mãos, 
Todas sujas de barro, não aguentam o peso e se espatifam no chão!
Não aguentava mais toda minha imperfeição.
E hoje, quando choro os meus sofrimentos passados, me recriminam do mesmo modo e a ferida passada não se fecha e continua sangrando igual a muitos anos atrás.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Rei Artur

Pequeno pirralho, do tamanho exato para ocupar o espaço vazio no meu coração. 
Me puxou em tudo, no gosto por música e por filmes, me puxou pela mão, 
E me levou para uma montanha russa cheia de altos e baixos.
Agora parecemos irmãos!
E a culpa é sua! 
Caí em uma tremenda aventura de perder a noção.
Perdi a noção da realidade, nas nossas histórias eu era a mocinha e você o vilão.
Me irrita, implica, complica minha vida, mas quando aumenta a distância eu fico sem chão.
Rimos, cantamos, gritamos, quase nos matamos, e no final pedimos perdão.
E então? Quem está com a razão?
Eu perdi ela na estrada e você nem tirou ela do caminhão. O caminhão da mudança de uma ingênua criança para um rapagão.
E levamos para casa uma inesquecível lição: 
Deve-se se importar com quem se ama e não com quem tem o maior pedaço de pão.
E foi dessa forma que meu rei Artur virou o rei do meu coração.

Juramento de Amor

Por mim você mudaria o mundo?
Eu faria isso por você.
Se você morresse não sei o que seria de mim.
Tudo na vida tem sua distância, a nossa deve ser zero quilômetros e muito menos de meio metro quadrado.
Não sei o que deu em meu coração, acho que ele foi roubado. 
Mas por quem?
Para roubar meu coração não tem que ser alguém, tem que ser alguém como você!
Sozinho não sei o que fazer,
Arranco meus cabelos, 
Começo a enlouquecer.
Desde que te vi me achei diferente:
Comecei a viver!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Nuvens Noturnas

Nuvens Noturnas,
Misteriosas vitimas da vista de quem dorme ao relento.
Doces algodões que escorregam na língua quando pronunciados.
Com seu caráter soturno,
Mancha acinzentada no breu profundo.
Seu corpo deixa transluzir a lua cheia, e veste-a com seu manto diáfano enchendo-a de amor.
Leves como pluma, mas se ancoram na alma. 
Fincam nas pedras mais duras, amaciam-las lentamente, talvez causem temor. 
Temor pelos segredos guardados nos corações dos anjos, 
não dos que dormem após um longo dia ensolarado, 
mas dos que atravessam a noite escrevendo poemas sobre as nuvens e sobre toda sua dor.

Meu Metapoema

Escrevo por que tenho que escrever, sou obrigado a isso.
Até que, como magnetismo, meu lápis grude no papel, as palavras me maltratam e me algemam com a angústia dos meus versos mal escritos, amaçados e entregues ao lixo.
É uma dívida a ser paga
É um dever a ser feito
Uma missão a ser cumprida
Passo noites a claro com meu sofrimento permanente, que a mim é inerente, é de minha natureza.
Não sou nada, não sou artista, não sou poeta, não nenhuma coisa concreta, apenas libero em uma folha meus problemas mal resolvidos, como se contasse com cuidado os fatos para um velho amigo.
Mas eu gosto dessa dor persistente que me deixa impaciente até estar livre deste fardo.
Sou um masoquista nato.
Sempre de coração partido, me sinto punido ao escrever em um pedaço de papel rasgado os meus versos baratos e sofridos.

Caro Futuro

Caro futuro,
Não me julgue pelos meus erros,
Nem pelos meus acertos.
Simplesmente, não me julgue.
Deixe que meus pecados rudimentares se contrastem com meus acertos infalíveis e meus protestos imorais.
Impeça, a todo custo, de que eu caia em qualquer abismo que cause a meus amigos sofrimento e dor.
Permita que nos meus campos cresçam rosas coloridas,
E que nos últimos dias da minha vida elas invadam minha alma sem o menor pudor.
Caso uma avassaladora peste me dominar, me abandone aos enganos do mundo e ao relento, para que alguém possa ter algum contentamento. 
Que não saiba de minha súbita queda, 
mas se lembre eternamente de nossos melhores momentos.
Caro futuro, lhe peço mais uma coisa:
Que as coisas que me motivam hoje, me transformem em outra pessoa. 

Destino

O que me espera na esquina?
Só pode ser brincadeira!
Se for esfera, é bola
Se for cubo, é dado
Mas se o mundo virar ao contrario?
 O que faço?
Chuto a bola no gol, ou vicio o dado?
Lá no quarto ao lado tem uma voz que me alerta o perigo.
Essa voz temerosa se chama destino.

As Duas Estrelas

Era uma vez duas estrelinhas,
uma no céu e outra no chão.
A do céu voou para longe,
a outra ficou no meu coração. 
As estrelas do céu são voláteis e rápidas como um avião. 
As do chão são reais e uma vez junto de nós, nunca nos largarão.
Mas quando se há um sonho, que eu sei que há
Abro minhas asas e levanto voo para poder alcançar
a estrelinha da constelação de sonhos que ofuscam o luar.