sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Desacomodamento

Eu não quero voltar para casa.
Aquele inferno, aquele monte de lata.
Eu não quero voltar para casa.
É como uma carne sem tempero e com gosto de nada.

Eu espero parada um tempo que passou em vão.
Devia me movimentar,
Mas meus ossos se acostumaram com essa posição.
Estou presa às regras da nação.
Devia acordar,
Mas minha cama exerce uma estranha atração.
Devia seguir em frente,
Mas o sinal ainda não virou verde,
E nunca vai virar!

Hoje, eu me olhei no espelho e abri a torneira: Shuaaaá!
Hoje, eu saí de casa para passear.
Ao atravessar a rua, esperei o carro parar.
Contei quantas casas eram verdes e quantas estavam para alugar.
Mas tudo estava onde devia estar,
Tudo estava em seu lugar!
Hoje, cheguei em casa cansada, abri a janela e deitei no sofá.

Mas eu não quero voltar para casa.
Aquele inferno, aquele monte de lata.
Mas eu não quero voltar para casa.
Um bando de lixo, aquele bando de nada.
Mas eu espero parada, afinal, estou presa às regras da nação! 
Estou presa às regras da nação em vão!